domingo, 14 de abril de 2013

Liturgia, cadê você?


Na Igreja Católica temos alguns padres “pops” (exibicionistas) que acabam ofuscando a figura de Nosso Senhor Jesus Cristo e levando a assembleia a admirá-los mais que ao Senhor. Tais sacerdotes transformam a Liturgia Sagrada em um “show” particular, usurpando assim, a participação dos fiéis que são tratados como uma grande massa de alienados: “meu irmão, minha irmã... coloque sua mão sobre a cabeça do irmão ao lado e diga a ele que Jesus o ama. Depois, dê um pulinho e um gritinho para o Senhor Jesus...”.

A situação piora quando o Santo Sacrifício transforma-se em evento destinado a um grupo específico da paróquia. Isso é sem sombra de dúvida, um crime contra as normas da Igreja!


O Sagrado Concílio Vaticano II através da Constituição SACROSANCTUM CONCILIUM (SOBRE A SAGRADA LITURGIA), apresenta a Liturgia como uma ação eclesial, realizada por todo o Povo de Deus e não apenas por uma meia dúzia de crentes. Ou seja, é direito de todos os fiéis participar ativa e conscientemente da celebração litúrgica (Cf. SC, 14). A celebração da missa não pode ser um “show (pseudo) litúrgico” ao qual algumas pessoas assistem (Cf. SC, 30-31).




Dentro da nova concepção de Igreja Celebrante não há mais lugar para meros expectadores, todos os presentes tem igualmente o direito e o dever de participar da celebração – segundo a ordem estabelecida. Todos são celebrantes, o ministro ordenado apenas preside a celebração:

“... Cristo está sempre presente na sua igreja,... Está presente no sacrifício da Missa, quer na pessoa do ministro (...) quer e sobretudo sob as espécies eucarísticas. (...). Está presente, enfim, quando a Igreja reza e canta, ... (Mt. 18,20). (...) Com razão se considera a Liturgia como o exercício da função sacerdotal de Cristo. (...) nela, o Corpo Místico de Jesus Cristo - cabeça e membros - presta a Deus o culto público integral. Portanto, qualquer celebração litúrgica é, por ser obra de Cristo sacerdote e do seu Corpo que é a Igreja, (...).[1]


As reuniões litúrgicas nas paróquias (e em toda a Igreja Local – Diocese) são a imagem da Igreja Visível de Cristo (Cf. SC, 41-42) – se nelas o povo de Deus é tratado e age como expectadores isso mostra uma deficiência na catequese e uma ineficiência pastoral gritante. Quando isso ocorre o Corpo Místico de Cristo fica desfigurado, ou melhor: “caricaturizado”.

Portanto quando a Liturgia é manipulada e controlada por um grupo de pessoas ou quando passa a ser tida como propriedade particular do sacerdote, significa dizer que aí pode estar sendo um covil de malfeitores onde o Povo de Deus (batizados e batizadas) está preso e escravizado e a diversidade de dons, carismas, vocações e ministérios (serviços) – 1Cor 12,4-13 – não está sendo valorizada e/ou respeitada. Trata-se apenas de uma assembleia onde os “proprietários dos carismas” (carismáticos) roubaram descaradamente o espaço dos demais “cidadãos eclesiais” (Cf. 1Cor 12, 14-21ss).


Promovamos, portanto uma real renovação nas celebrações litúrgica da Igreja Local (em especial na nossa paróquia) para que deixem de ser “ações particulares de poucos” e voltem a sua forma santa de “Sacramento da Unidade” do Povo de Deus (Cf. SC, 26), reunido em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.



Por Eduardo Melo [2] – servo indigno de Jesus e da Igreja




[1]CONSTITUIÇÃO CONCILIAR SACROSANCTUM CONCILIUM - SOBRE A SAGRADA LITURGIA, 7. Disponível em http://www.vatican.va . Acessado em 14 de março de 2013.

[2] Paróquia Nossa Senhora da Conceição – Canindé /SE), concludente da EFTEL – 2008, universitário, blogueiro, membro da Milícia da Imaculada – 2007.

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