"É manso." E ele me disse:—"Essas estradas,
Quando, novo Eliseu, as percorria,
As crianças lançavam-me pedradas..." Falei-lhe então na glória e na alegria;
E ele—alvas barbas longas derramadas
No burel negro—o olhar somente erguia
Às cérulas regiões ilimitadas...
Quando eu, porém, falei no amor, um riso
Súbito as faces do impassível monge
Iluminou... Era o vislumbre incerto,
Era a luz de um crepúsculo indeciso
Entre os clarões de um sol que já vai longe
E as sombras de uma noite que vem perto!...
http://www.jornaldepoesia.jor.br/raimun13.html
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BEIJOS DO CÉU
Sonhei-te assim ó minha amante um dia,
Vi-te no céu, enamoradamente,
Dos beijos a falange resplandente,
Dos serafins teu corpo inteiro um dia.
Santos e anjos beijavante.. Eu bem via!
Beijavam todos o teu lábio ardente.
E beijando-te o próprio onipotente,
O próprio Deus nos traços te cingia.
Misto o ciúme a fera que eu não domo,
Despertou-me do sonho repentino,
Vi-te a dormir tão plácida a meu lado,
E beijei-te, também, beijei-te..
E ai, como é doce o teu lábio purpurino
Tantas vezes, assim no céu beijado.
Raimundo Correia
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