1. Introdução
A
Catequese nos últimos anos deu passos significativos. Em toda parte percebe-se
um fervilhar de novas experiências e métodos mais adequados que nos orientem na
caminhada. Este processo de renovação depara-se com alguns desafios: a
catequese não pode ser uma simples iniciativa baseada na boa vontade, na
improvisação. Disso decorre a necessidade de pensar, organizar e atualizar a
catequese, buscar novos rumos, animar os catequistas, criar um clima
humano-afetivo.
Surge
assim a missão do coordenador do qual depende, em grande parte, a dinâmica e a
renovação da catequese numa comunidade. Coordenação vem da palavra
“co-ordinatione” que significa: dispor certa ordem ou método”, organizar o
conjunto, por em ordem o desconjunto. É uma “co-operação”, uma ação de “co-responsabilidade
entre os iguais”. A coordenação promove a união de esforços, de objetivos
comuns e de atividades comunitárias, evitando o paralelismo, o isolamento na
ação catequética.
O
ministério da coordenação tem por finalidade criar relações, facilitar a
participação, desenvolver a sociabilidade, levar à cooperação, comprometer na
co-responsabilidade, realizar a interação e tornar eficaz o conjunto da
caminhada catequética. A catequese renova-se mais rapidamente, especialmente no
mundo urbano, quando uma comunidade investe na equipe de coordenação e esta
assume sua missão articuladora, animadora da catequese .
A Palavra
Ministério, no Aurélio significa cargo, incumbência, função ou então
carisma, força divina conferida a uma pessoa em vista da necessidade de uma
Comunidade ou de um grupo. E coordenar é fazer com que as atividades
catequéticas tenham começo, meio e fim para que haja maior aproveitamento do
grupo. Não há receitas prontas; é necessário viver a coordenação, treinar a
coordenação.
2. O Exemplo de Jesus
Nesse sentido o
MINISTÉRIO DA COORDENAÇÃO reveste-se de uma mística, de uma espiritualidade, de
uma missão. Coordenar é integrar, animar, avaliar, revisar, celebrar,
incentivar a caminhada da catequese. O ministério da coordenação é o serviço
que mantém viva a caminhada da catequese em sintonia com as opções diocesanas,
paroquiais, e segundo as exigências de uma catequese renovada. E o coordenador
encontra seu modelo, sua inspiração e a fonte de graça para exercer seu ministério
na Pessoa de Jesus.
Cristo não quis assumir
sua missão sozinho. Fez-se cercar do grupo dos doze (Mt 1,16-20; 3,13-19;
Jo 1,35-51). Com eles foi criando a Comunidade. A sua primeira
preocupação foi com as pessoas, procurando estabelecer um relacionamento de
amizade, conquistando a confiança de cada um e procurando torna-los dignos de
sua confiança. “Chamei vocês de amigos, porque tudo que ouvi do meu Pai eu
vos fiz conhecer”(Jo 15,51).
Assim Jesus ia tecendo
lentamente uma rede de relacionamentos interpessoais. Conhecendo as pessoas pelo
nome, respeitando o modo de ser de cada uma. Diante dos desafios da realidade
do povo sofrido, chama os discípulos a responsabilidade. Dai-lhes vós mesmos de
comer (Mc 6,37). Os Evangelhos nos mostram que várias atitudes de Jesus
caracterizam-se por um amor cordial e concreto pelas pessoas. Vejamos algumas
situações:
a)
Jesus conhece as pessoas e as
aceita como são. Parte daquilo que são os discípulos, e não daquilo que
deveriam ser para conduzir cada um a um crescimento cada vez mais profundo (Jo
20, 27; Lc 22, 61; Lc 24, 13-35).
b)
Jesus exerce sua autoridade com
caridade. É aquele que serve ( Jo 13, 1-20). “Eu não vim para ser servido, mas
para servir” (Mc 10, 45). Para Jesus, todos têm uma caminhada a fazer, uma
conversação a realizar, uma esperança a construir. A grande norma do grupo é o
mandamento do amor.
c)
Jesus situa-se dentro da
comunidade e a dirige com amor. A presença de Jesus é viva no meio da
comunidade. Ensina a partilhar e ser solidário em tudo (Jo 6, 1-15).
d) Jesus
fala da necessidade de sua paixão e convida seus discípulos a partilhar sua
Cruz, vivida e assumida na fé e na esperança, porque passando por ela
constrói-se o Reino (Lc 9, 22-26).
e)
Jesus criou uma comunidade para
a Missão. A comunidade é um caminho de crescente fraternidade e abertura para a
missão. O apóstolo Paulo nos alerta (Rm 10, 9-21) para que tenhamos os mesmos
sentimentos de Jesus Cristo. Isto é, que a nossa missão de coordenadores não
seja uma forma de vanglória e nem um fardo nos ombros dos outros, mas que seja
uma continuidade da missão de Jesus Cristo na edificação do Reino.
3.
Perfil do Coordenador
O Ministério da
Coordenação é o serviço que suscita e integra através de ações concretas as
forças vivas da catequese: pároco, catequistas, pais, catequizandos e as outras
pastorais. Este ministério deve ser exercido com alegria, como uma fonte de
espiritualidade, como um serviço em prol do Reino: animando os catequistas,
abrindo novos horizontes, atualizando-se continuamente, estando em sintonia com
as orientações diocesanas, criando um clima de acolhida, partilha e confiança.
Desse modo, a catequese surge como luz na comunidade. Existem diversas maneiras
de exercer o ministério da coordenação. Dentre elas destacamos as seguintes:
·
Coordenação
centralizadora – sobressai a função. Não divide tarefas. Não confia
totalmente no grupo. Normalmente uma coordenação centralizada é autoritária,
por vezes distante da caminhada da catequese e dos reais problemas dos
catequistas, dos catequizandos, dos pais e da comunidade cristã. Numa
coordenação centralizada, com facilidade surgem os descontentamentos, as
divisões, os subgrupos, o desânimo e as desistências.
·
Coordenação fraterna, democrática
– caracteriza-se pelo serviço pela animação, pela distribuição das tarefas, pela
confiança nos catequistas, pelo amor aos pais dos catequizandos, pela vivência
comunitária, pela preocupação com a formação dos catequistas, pelo
relacionamento humano, afetivo, carinhoso, alegre, mesmo nos erros e nas
tensões. Acolhe as sugestões, aceita com humildade as críticas, aponta sempre
uma luz nas horas de tensões. Acima de tudo, elabora um projeto catequético
participativo capaz de gerar um processo de educação da fé na comunidade.
4. Atribuições da Coordenação
O coordenador é aquele
que acredita na missão de comunicador e transmite a mensagem com entusiasmo
contagiante, fazendo com que todos os membros da equipe tenham coragem, tomem
decididamente iniciativa e consigam vencer as dificuldades inerentes ao
empreendimento.
O Coordenador é um Animador.
Animar significa dar vida, criar ambiente propício para o crescimento das
pessoas e para que a comunidade alcance os objetivos próprios. Animar significa
incentivar o crescimento da amizade entre as pessoas do grupo, propondo e
abrindo caminhos para a esperança, sustenta a ação.
Para acontecer tudo
isso, deve procurar participar de treinamentos, buscando uma crescente formação
na arte de coordenar. Elaborar, de maneira participativa, o projeto para a
catequese, destacando o objetivo, planejamento participativo, as ações
concretas, as reuniões avaliações periódicas. Promover bom relacionamento entre
as pessoas para que caminhem de mãos unidas. Valorizar as experiências pessoais
e grupais, promovendo novos líderes dentro do grupo.
Além disso, deve contornar
conflitos entre catequistas, pais, catequizandos e membros da Comunidade,
estando sempre aberta para o pluralismo e para enfrentar as resistências, incentivar
os membros da comunidade para que se sintam responsáveis, assumindo também a
missão catequizadora. Preparar junto com o Padre e com os catequistas, um
programa de formação e acompanhamento dos catequistas. Providenciar o material
necessário para o bom andamento da Catequese. Ser presença, força, apoio,
estímulo aos catequistas novos e jovens.
Portanto:
Coordenar
é servir em lugar de dominar;
Coordenar
é buscar os pontos comuns em função da unidade.
Coordenar
é incentivar a participação de todos;
Coordenar
é administrar os conflitos e as tenções.
Para Refletir:
O
que entendemos por Ministério da Coordenação?
Qual
a missão a ser cumprida pela Coordenação da Catequese?
Que
qualidades e atitudes são necessárias a quem exerce este ministério?
De
que maneira posso ajudar a melhorar o jeito de coordenar a catequese na minha
Paróquia?
OBSERVAÇÃO: O
texto acima foi adaptado de “Dicas para
a Coordenação da Catequese” (disponível em <https://www.catequistasemformacao.com/2015/11/dicas-para-coordenacao-da-catequese.html>, acessado em 04/06/25) e de “A coordenação da catequese” disponível no site https://www.catequesehoje.org.br , acessado em 04/06/25), por Eduardo Melo.