terça-feira, 3 de junho de 2025

O MINISTÉRIO DA COORDENAÇÃO CATEQUÉTICA

 Por Eduardo Melo


A raiz do ministério encontra-se no Primeiro Testamento – mesaret – (servidor, ministro, sacerdote) e é reforçada, no Novo Testamento, pela palavra diakonos (diácono). Ambos os termos apontam para funções sagradas de serviço religioso exercida pelo povo de Deus ao longo de sua caminhada (CALANDRO; LEDO, 2015). Os ministérios (catequistas, ministros, etc) devem se realizar em pleno sentimento de humildade (cf. Mq 6,8;  Fl 2, 5-8; Mt 18, 4).

As Sagradas Escrituras nos exortam a colocar nossos dons à disposição dos irmãos e irmãs (cf. 1Pd 4,10). Tendo essa orientação bíblica, é preciso compreender que coordenar, nada mais é que dispor dos nossos talentos para o crescimento da comunidade (CALANDRO; LEDO, 2015) e nas definições do Concílio Vaticano II, o catequista (e consequentemente o/a coordenador/a), é um facilitador da ação do Espírito Santo na vida de cada pessoa e no processo de conversão ao Senhor Jesus (CARVALHO, 2015).

De origem latina, a palavra coordenar (co + ordinatio) designa a ação de organizar o conjunto ou por em ordem o desconjunto. Isso exige corresponsabilidade entre os iguais na animação, condução, orientação, celebração, motivação, renovação, transformação e serviço da comunidade (CARVALHO, 2015). Mas, exercer o Ministério da Coordenação, não significa ter o poder de decidir tudo, mandar em todos, caminhar sozinho, ser o dono da verdade. Coordenar é antítese de tudo isso.

Quando o assunto é coordenação, precisa-se entendê-la como “o serviço que suscita e integra, por meio de ações concretas, as forças vivas da catequese: pároco, catequistas, pais, catequizandos e outras pastorais” (CALANDRO; LEDO, 2015, p.38). Por se tratar de uma ação em conjunto por excelência,  a catequese se faz e se pratica sempre em equipe (cf. Mc 1, 16-20). Nela não deve haver ocasiões para o isolamento, o individualismo e o egoísmo. Assim, Jesus, nosso Mestre e Senhor, pedagogicamente, utilizava-se do trabalho em equipe para atender à vontade do Pai e cumprir sua missão.

O ministério exige dos coordenadores uma disponibilidade à missão. Ser catequista e coordenar o processo catequético são serviços essencialmente missionários. Convém aos envolvidos nessa ação de missionariedade, “buscar nas ciências modernas os meios para melhor organizar e planejar a vida catequética da paróquia ou da diocese” (CARVALHO, 2015, p. 76).

O serviço da coordenação catequética exclui, absolutamente, toda forma de disputa de poder. Ele valoriza, na verdade, o protagonismo das pessoas envolvidas no processo de evangelização: catequistas, catequizandos, famílias e comunidade eclesial (CALANDRO; LEDO, 2015). Além disso, utiliza-se do diálogo para adentrar os corações, pois este, gera aprendizado mútuo, promove conversão pessoal, transformação da vida, alimenta a fé e fortalece a missão (CNBB, 2017).

A postura do/a coordenador/a ou da equipe de coordenação na Paróquia (ou Diocese) deve ser de liderança, ou seja, ter a preocupação e o cuidado para que todos e todas “estejam caminhando na mesma direção” (CARVALHO, 2015, p.75), tendo como meta Jesus Cristo. A pessoa investida no serviço de coordenador de catequese, precisa inserir-se numa dinâmica perene de caridade, fraternidade e comunhão. Ela deve ser capaz de distribuir tarefas, inspirar confiança, viver em harmonia na comunidade e ainda, saber acolher críticas e sugestões, zelar pelo crescimento espiritual dos seus liderados, catequizandos e dos seus pais (CARVALHO, 2015).

O ministério de catequista (e de coordenador/a) deve ser fecundo em concórdia, na pacificação de conflitos, na resolução de problemáticas e, ainda, na construção de pontes para relacionamentos interpessoais não fragmentados, onde reine a comunhão fraterna e o amor – a maior de todas as virtudes teologais (cf. 1 Cor 13,13). O/a catequista que não ama, não pode exercer o ministério, pois este é o mandamento fundamental de Jesus (cf. Jo 15,9-12), distintivo da nossa fé cristã (cf. Jo 13,35), dispensador da verdade do nosso coração e termômetro de santidade (cf1 João 4, 20).

A caridade é ainda, a mais básica das virtudes. Pode-se afirmar também que ela é a mãe de todas as virtudes. Ser caridoso é doar-se total e integralmente ao próximo. Não se resume em mero ato piedoso, filantropo ou ideológico. Ela é amor vivenciado, experienciado, traduzido em gestos concretos e encarnado nas diversas situações e realidades da vida (CARVALHO, 2015). A caridade é amor e Deus é caridade (cf.1 Jo 4, 8.16).

Faz-se mister (re)lembrar que “a coordenação da animação bíblico-catequética deve estar sempre em sintonia com o pároco” (CALANDRO; LEDO, 2015, p.61) e para atuar de maneira condizente com os valores do Evangelho, mediante as orientações da Igreja, o(a) coordenador(a) ou coordenadores da catequese, precisa(m) apresentar requisitos fundamentais, a saber:

a)    Formação humana e social;

b)   Dinamismo;

c)    Entusiasmo com a vida eclesial;

d)    Testemunho de vida;

e)    Espiritualidade;

f)      Vivência sacramental;

g)    Equilíbrio psicológico;

h)   Capacidade de liderar equipes;

i)      Afetividade;

j)      Amor pela Casa Comum;

k)    Espírito de fé e oração;

l)      Lealdade aos ensinamentos de Jesus e da Igreja.

 

Além disso, cabe a equipe (ou equipes) de coordenadores da catequese, reunir-se periodicamente, para rezar, aprofundar a espiritualidade católica, estudar os documentos da Igreja, pensar e refletir sobre a situação da animação bíblico-catequética na paróquia, e, avaliar frequentemente o processo de educação da fé (nas comunidades) por meio de visitas, encontros e assembleias.

 

 REFERÊNCIAS

 

CALANDRO, Eduardo; LEDO, Jordélio Siles. O ministério da coordenação da animação bíblico-catequética. São Paulo: Paulus, 2015.

CARVALHO, Humberto Robson de. Ministério do catequista: elementos básicos para a formação. São Paulo: Paulus, 2015.

CNBB. Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. Iniciação à Vida Cristã: itinerário para formar discípulos missionários. Edições CNBB, 2017.




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