Por Eduardo Melo
A
raiz do ministério encontra-se no Primeiro Testamento – mesaret – (servidor, ministro, sacerdote) e é reforçada, no Novo
Testamento, pela palavra diakonos
(diácono). Ambos os termos apontam para funções sagradas de serviço religioso
exercida pelo povo de Deus ao longo de sua caminhada (CALANDRO; LEDO, 2015). Os
ministérios (catequistas, ministros, etc) devem se realizar em pleno sentimento
de humildade (cf. Mq 6,8; Fl 2, 5-8; Mt 18, 4).
As
Sagradas Escrituras nos exortam a colocar nossos dons à disposição dos irmãos e
irmãs (cf. 1Pd 4,10). Tendo essa
orientação bíblica, é preciso compreender que coordenar, nada mais é que dispor
dos nossos talentos para o crescimento da comunidade (CALANDRO; LEDO, 2015) e nas
definições do Concílio Vaticano II, o catequista (e consequentemente o/a
coordenador/a), é um facilitador da ação do Espírito Santo na vida de cada
pessoa e no processo de conversão ao Senhor Jesus (CARVALHO, 2015).
De
origem latina, a palavra coordenar (co + ordinatio)
designa a ação de organizar o conjunto ou por em ordem o desconjunto. Isso
exige corresponsabilidade entre os iguais na animação, condução, orientação,
celebração, motivação, renovação, transformação e serviço da comunidade
(CARVALHO, 2015). Mas, exercer o Ministério da Coordenação, não significa ter o
poder de decidir tudo, mandar em todos, caminhar sozinho, ser o dono da
verdade. Coordenar é antítese de tudo isso.
Quando
o assunto é coordenação, precisa-se entendê-la como “o serviço que suscita e
integra, por meio de ações concretas, as forças vivas da catequese: pároco, catequistas,
pais, catequizandos e outras pastorais” (CALANDRO; LEDO, 2015, p.38). Por se
tratar de uma ação em conjunto por excelência,
a catequese se faz e se pratica sempre em equipe (cf. Mc 1, 16-20). Nela não deve haver ocasiões para o isolamento, o
individualismo e o egoísmo. Assim, Jesus, nosso Mestre e Senhor,
pedagogicamente, utilizava-se do trabalho em equipe para atender à vontade do
Pai e cumprir sua missão.
O
ministério exige dos coordenadores uma disponibilidade à missão. Ser catequista
e coordenar o processo catequético são serviços essencialmente missionários.
Convém aos envolvidos nessa ação de missionariedade, “buscar nas ciências
modernas os meios para melhor organizar e planejar a vida catequética da
paróquia ou da diocese” (CARVALHO, 2015, p. 76).
O
serviço da coordenação catequética exclui, absolutamente, toda forma de disputa
de poder. Ele valoriza, na verdade, o protagonismo das pessoas envolvidas no
processo de evangelização: catequistas, catequizandos, famílias e comunidade
eclesial (CALANDRO; LEDO, 2015). Além disso, utiliza-se do diálogo para
adentrar os corações, pois este, gera aprendizado mútuo, promove conversão
pessoal, transformação da vida, alimenta a fé e fortalece a missão (CNBB,
2017).
A
postura do/a coordenador/a ou da equipe de coordenação na Paróquia (ou Diocese)
deve ser de liderança, ou seja, ter a preocupação e o cuidado para que todos e
todas “estejam caminhando na mesma direção” (CARVALHO, 2015, p.75), tendo como
meta Jesus Cristo. A pessoa investida no serviço de coordenador de catequese,
precisa inserir-se numa dinâmica perene de caridade, fraternidade e comunhão.
Ela deve ser capaz de distribuir tarefas, inspirar confiança, viver em harmonia
na comunidade e ainda, saber acolher críticas e sugestões, zelar pelo
crescimento espiritual dos seus liderados, catequizandos e dos seus pais (CARVALHO,
2015).
O ministério de catequista (e de coordenador/a) deve ser fecundo em concórdia, na pacificação de conflitos, na resolução de problemáticas e, ainda, na construção de pontes para relacionamentos interpessoais não fragmentados, onde reine a comunhão fraterna e o amor – a maior de todas as virtudes teologais (cf. 1 Cor 13,13). O/a catequista que não ama, não pode exercer o ministério, pois este é o mandamento fundamental de Jesus (cf. Jo 15,9-12), distintivo da nossa fé cristã (cf. Jo 13,35), dispensador da verdade do nosso coração e termômetro de santidade (cf. 1 João 4, 20).
A
caridade é ainda, a mais básica das virtudes. Pode-se afirmar também que ela é
a mãe de todas as virtudes. Ser caridoso é doar-se total e integralmente ao
próximo. Não se resume em mero ato piedoso, filantropo ou ideológico. Ela é amor
vivenciado, experienciado, traduzido em gestos concretos e encarnado nas
diversas situações e realidades da vida (CARVALHO, 2015). A caridade é amor e
Deus é caridade (cf.1 Jo 4, 8.16).
Faz-se
mister (re)lembrar que “a coordenação da animação bíblico-catequética deve
estar sempre em sintonia com o pároco” (CALANDRO; LEDO, 2015, p.61) e para
atuar de maneira condizente com os valores do Evangelho, mediante as
orientações da Igreja, o(a) coordenador(a) ou coordenadores da catequese,
precisa(m) apresentar requisitos fundamentais, a saber:
a)
Formação humana e
social;
b)
Dinamismo;
c)
Entusiasmo com a vida
eclesial;
d)
Testemunho de vida;
e)
Espiritualidade;
f)
Vivência sacramental;
g)
Equilíbrio psicológico;
h)
Capacidade de liderar
equipes;
i)
Afetividade;
j)
Amor pela Casa Comum;
k)
Espírito de fé e oração;
l)
Lealdade aos
ensinamentos de Jesus e da Igreja.
Além
disso, cabe a equipe (ou equipes) de coordenadores da catequese, reunir-se
periodicamente, para rezar, aprofundar a espiritualidade católica, estudar os
documentos da Igreja, pensar e refletir sobre a situação da animação
bíblico-catequética na paróquia, e, avaliar frequentemente o processo de
educação da fé (nas comunidades) por meio de visitas, encontros e assembleias.
CALANDRO, Eduardo; LEDO, Jordélio Siles. O ministério da coordenação da animação bíblico-catequética. São Paulo: Paulus, 2015.
CARVALHO, Humberto Robson de. Ministério do catequista: elementos básicos para a formação. São Paulo: Paulus, 2015.
CNBB. Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. Iniciação à Vida Cristã: itinerário para formar discípulos missionários. Edições CNBB, 2017.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe um comentário...