segunda-feira, 14 de setembro de 2020

Por que há Padres que se suicidam?

Neste mês em que no Brasil se celebra o Setembro Amarelo, em prevenção ao suicídio, eis que nos deparamos com a notícia de dois sacerdotes franceses que tiraram a própria vida. Triste realidade que nos circunda e que pode acontecer a qualquer instante em realidades onde menos esperamos.

Em meu percurso de Mestrado, escrevi sobre o tema: «Sacerdócio: do encanto ao suicídio». Este tema nasceu diante da inquietude gerada em mim ao saber da notícia dos 17 sacerdotes que entre os anos de 2017 e 2018 tiraram suas próprias vidas no Brasil.

Aquele que segue a Jesus de modo pleno, sem reservas, nunca se arrepende. Aquele que foi chamado ao sacerdócio (de modo geral acontece assim) no dia da ordenação não consegue se conter de alegria. É o cumprimento de uma etapa de sua vocação. Agora se sente pronto para viver a pastoral, para doar-se na realidade vivencial da paróquia, junto ao povo que a ele será confiado, desenvolvendo o Ministério a ele confiado por Cristo. 

Jesus é sempre fiel, mas, infelizmente, nos caminhos humanos tantas vezes são inúmeras as tentações e, basta por um instante não haver os olhos fixos nele, que tudo pode começar a perder o verdadeiro sentido da chamada e resposta vocacional.

Aquele que aceitou seguir a chamada vocacional e se encantou por este Jesus pode, nos anos de formação, experimentar de modo contínuo o sonho do ideal: a espiritualidade ideal, a paróquia ideal, os fiéis ideais, o clero ideal, e, ao deparar-se com a realidade que oscila entre o espiritual e as realidades vivenciais quotidianas, entra em choque diante daquilo que sonhou e aquilo que a realidade é.

Tantas vezes, ao longo do seu ministério, aquele jovem que aceitou seguir Jesus com tanto entusiasmo e encantamento, vai se frustrando com a impossibilidade de realizar os projetos que sonhou. Além disso, ainda há a possibilidade de se frustrar com as escolhas pastorais da diocese, com a falta de fraternidade de seu clero e até mesmo uma possível falta de paternidade por parte de seu Bispo ou Superior. Aqui entra a grande dualidade e a dificuldade de compreender que a singularidade do ser humano perpassa pelo fato de compreender o grande paradoxo do ser carnal e ao mesmo tempo espiritual.

Ao se dar conta desta dicotomia, a lista dos problemas encontrados pode ser incomensurável: o sacerdote é inundado pelo cansaço físico e psicológico contínuo, além de poder começar a desenvolver uma frieza no confronto do ministério que anteriormente exercia com tanto zelo.

Na entrevista feita a Dom Marc Stenger (Bispo de Troyes), ele diz que ao saber da notícia do suicídio dos padres franceses se perguntou:  «O que eu não fiz? Será que ouvimos o seu grito?’ (…) O que me leva à pergunta seguinte: não estamos tão preocupados com os problemas de administração da Igreja que já não estamos prestar atenção suficiente às pessoas?”.


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